Este blog foi criado por alunos do 6º período da Faculdade Newton Paiva para a disciplina Agronegócio ministrado pela professora Maria Eugênia Castanheira, com o intuito de compartilhar informações sobre produtos orgânicos.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Qualidade dos Alimentos Orgânicos

A edição de setembro do ""American Journal of Clinical Nutrition", da Inglaterra, apresentou estudo sobre a qualidade nutricional dos alimentos orgânicos, uma revisão da literatura publicada sobre a matéria. A equipe que escreveu o estudo, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, foi financiada pela Agência de Normas de Alimentos do Reino Unido (FSA).

Um grupo de cientistas reunidos pelo The Organic Center (TOC) e pela Associação de Comércio Orgânico (OTA), fez uma revisão mais rigorosa da literatura publicada. Os resultados diferem significativamente do estudo mais limitado da FSA. O novo estudo do TOC foi publicado sob o título de "Novas Evidências Confirmam a Superioridade Nutricional de Alimentos Orgânicos Vegetais".

O estudo completo do TOC pode ser visto no site www.organic-center.org. Eis aqui os principais pontos do trabalho:

O estudo da FSA minimizou as descobertas positivas sobre os alimentos orgânicos. Em várias passagens, o relatório da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres mostrou que alimentos orgânicos tendem a apresentar mais nutrientes que os convencionais. O estudo da FSA omitiu medidas de importantes nutrientes, inclusive a capacidade total anti oxidante. A FSA usou dados de estudos muito antigos, com níveis de nutrientes de variedades de plantas que não estão mais no mercado.

O estudo de Londres encontrou diferenças estatisticamente significantes em favor dos orgânicos. Encontrou mais nitrogênio nos convencionais, quando se sabe que isso pode significar ameaça à saúde, por causa do potencial carcinogênico de compostos nitrogenados, como a nitrosamina.

As descobertas do TOC mostram diferenças significativas em favor dos orgânicos, em duas classes críticas de nutrientes: polifenóis e conteúdo total de antioxidantes.

Diferentemente do estudo de Londres, a revisão do The Organic Center comparou diferenças nutricionais em cultivos orgânicos e convencionais praticados em fazendas vizinhas, no mesmo tipo de solo e clima, com os mesmos sistemas de irrigação e época de colheita, e das mesmas variedades de plantas. O TOC examinou rigorosamente a qualidade dos métodos de análise e eliminou uma maior porcentagem da literatura publicada do que a FSA.

Com isso, foram encontrados níveis de 11 nutrientes em alimentos orgânicos superiores, em média, em 25% em relação aos convencionais.

A FSA não analisou as diferenças em importantes antioxidantes, nem na atividade total antioxidante, o que tem sido medido em vários estudos mais recentes.

Em resumo, as diferenças encontradas pela FSA se devem, principalmente:

À inclusão de estudos antigos (esta Agência reuniu estudos de 1958 a 2008, enquanto o TOC se baseou em trabalhos publicados a partir de 1980. Novos estudos atestam grande quantidade de nutrientes em alimentos orgânicos)
À aplicação, pelo TOC, de critérios muito mais rígidos de validade científica

É interessante verificar os resultados de anos de pesquisa, com rotações de quatro culturas em vários países da Europa, numa pesquisa coordenada pelo IBdF - Instituto de Pesquisas Biológico-Dinâmicas, assim como a revisão imparcial (que aponta inclusive a porcentagem, ainda que inferior, de resultados de qualidade favorável a produtos de cultivo agroquímico) de 1230 trabalhos feita pela pesquisadora norte-americana Virginia Worthington, (2000) "Nutrition and Biodynamics: Evidence for the Nutritional Superiority of Organic Crops". In Biodynamics n. 224, (July/August, 1999), www.biodynamics.com/biodynamicsarticles/worth.html (20/08/2003)

É importante ler os relatórios finais do IAASTD ( International Assessment of Agricultural Knowledge, Science and Technology for Development, FAO; www.agassessment.org em Inglês e Espanhol que recomendam os sistemas orgânicos, destacando a Multi-funcionalidade dos Agroecossistemas e o livro do Dr. Jack Heinemann (Junho de 2009) Hope not Hype: The Future of Agriculture Guided by the International Assessment of Agricultural Knowledge, Science and Technology for Development; Publisher: TWN (ISBN: 978-983-2729-81-5), 176 p.

Criações orgânicas não usam remédios alopáticos, alguns violentos - como certos produtos para combater ectoparasitas (bernes, carrapatos e outros) e endoparasitas (vermes intestinais, principalmente), que podem deixar resíduos na carne e no leite. O pasto orgânico e todos os produtos orgânicos são cultivados sem agrotóxicos, sobre muitos dos quais pesa a suspeita de serem cancerígenos. Na década de 80, o leite consumido no estado de S. Paulo, quando foram realizados testes de resíduos pelo ITAL, em Campinas, SP, apresentou grande taxa de resíduos de agrotóxicos organoclorados.

Os agrotóxicos têm efeito perverso também sobre o organismo Terra - sobre todas as formas de vida do solo e do ambiente geral. Agrotóxicos contaminam quase tudo o que encontram, destruindo a biodiversidade, contaminando a água dos rios e dos lençóis freáticos, promovendo a longo prazo o aumento das pragas, já que os agrotóxicos acabam com os inimigos naturais das pragas. Em 1962, Rachel Carlson publicou a famosa obra Silent Spring (Primavera Silenciosa), falando sobre a diminuição dos pássaros na América do Norte, como consequência da poluição causada pelos agrotóxicos na agricultura. O agrotóxico se concentra, progressivamente, nos alimentos. Por exemplo, o veneno é arrastado para o rio, contamina o peixe, que contamina a ave que o come, que contamina o homem que come a ave; no final da cadeia alimentar, em relação ao início dessa cadeia, concentração do agrotóxico pode ter aumentado milhões de vezes!

São freqüentes os envenenamentos agudos e crônicos de trabalhadores no campo. Quem, no calor brasileiro, quer usar os caros e desconfortáveis equipamentos de proteção? Além disso, o homem rural brasileiro não tem idéia dos efeitos, no longo prazo, dos agrotóxicos no seu organismo. São milhares de intoxicações por uso de agrotóxicos registradas anualmente.

Finalmente, alguns alimentos orgânicos são melhores para a saúde do que os convencionais, é o que mostram os resultados preliminares de uma pesquisa realizada pela Universidade de Newcastle, no Reino Unido, com financiamento da União Européia. A pesquisa indica que frutas e vegetais orgânicos possuem, em relação aos seus similares não-orgânicos, até 40% mais antioxidantes, substâncias relacionadas à diminuição dos riscos de câncer e de doenças cardiovasculares. O leite orgânico, por exemplo, pode conter até 80% mais antioxidantes do que o comum. Os orgânicos também teriam maior teor de sais minerais como ferro e zinco. Os resultados sugerem ainda que eles contêm menos ácidos graxos trans, considerada a gordura mais prejudicial à saúde. O estudo, que começou há três anos, ainda está em andamento: a previsão é que seja finalizado em 2008. Foram analisadas frutas, legumes e rebanhos orgânicos e não-orgânicos cultivados ou criados lado a lado em vários locais da Europa.

Mara Lucia de Azevedo Santos, bióloga pela Unesp, realizou pesquisa (2005) do pólen coletado por Apis mellifera no Brasil. Detectou presença de inseticidas organofosforados, organoclorados e piretróides sintéticos nas amostras de pólen apícola de todas as regiões do Brasil. Foram detectados os inseticidas Zolone, Aldrin, Dieldrin, Endrin, Heptacloro, além de outros organoclorados, de uso proibido no Brasil. Isso pode ser devido à persistência desses inseticidas no ambiente.

As nascentes e cursos d'água no Brasil têm sofrido um processo de destruição da mata que os envolve, chamada mata ciliar. Para realizar a certificação orgânica, o IBD exige que essas matas sejam recompostas. Isso tem recuperado muitas fontes d'água. A agricultura orgânica proíbe as queimadas, especialmente dos pastos, exige a manutenção ou a recuperação de matas ciliares e reservas arbóreas nas unidades de produção, recomenda o plantio de árvores nos cafezais e em outros cultivos, exige, muitas vezes, barreiras vegetais formadas por árvores, recomenda o sombreamento dos pastos com árvores, a própria agro-floresta é uma prática incentivada na agricultura orgânica - há muitas produções orgânicas agro-florestais. Tudo isso recupera e protege nascentes e rios.

Até na questão do aquecimento da Terra os orgânicos apresentam vantagens. Uma das causas do aquecimento da Terra, é a emissão de gás carbônico, que forma uma manta isolante e aquecedora sobre o nosso planeta. A agricultura orgânica proíbe as queimadas, que são grandes emissoras desse gás, exige a manutenção ou a recuperação de matas ciliares e reservas arbóreas nas unidades de produção, exige, muitas vezes, barreiras vegetais formadas por árvores, recomenda o sombreamento dos pastos com árvores, a própria agro-floresta é uma prática incentivada na agricultura orgânica - há muitas produções orgânicas agro-florestais. As árvores capturam o gás carbônico, no processo da fotossíntese, e liberam oxigênio, contribuindo para o retorno do carbono à biomassa. O plantio de árvores também protege e aumenta a biodiversidade. Outra forma de emissão de carbono para a atmosfera é a queima de derivados de petróleo. A agricultura orgânica incentiva a tecnologia branda, menos dependente do petróleo, a diminuição das operações mecanizadas (para aplicação de agrotóxicos por exemplo), substitui os adubos nitrogenados fabricados a partir do petróleo por formas naturais de adubação, economiza o petróleo empregado na fabricação de outros insumos proibidos nesse sistema de produção, incentiva o uso de formas alternativas de energia, como a solar e a eólica.

Assim, a agricultura e a pecuária orgânicas, além de todas as outras vantagens, colabora para a diminuição do aquecimento global.

Fonte: http://www.ibd.com.br/News_Detalhe.aspx?idnews=194

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